segunda-feira, 12 de maio de 2008

Corpus



A verdadeira capacidade de questionar e perscrutar aponta, é claro, para nossa dimensão mais profunda, a dimensão espiritual. Mas o problema é que nossa dimensão espiritual está manifestada na nossa dimensão física. O corpo humano - ao contrário do seu gato ou peixinho - revela o mistério de uma pessoa. O Papa João Paulo II descrevia isto como a experiência da "solidão original". Quando Adão nomeou os animais, ele notou que estava "sozinho", enquanto pessoa, no mundo. Todos nós conhecemos este sentimento de "solidão" humana - de estar sozinho diante de Deus, diferentemente do resto da criação.

Este sentimento humano universal conduz à questão humana universal: Por quê eu estou aqui? Qual é o sentido da minha existência? Onde posso encontrar a resposta? No mesmo lugar onde encontramos a pergunta - em nossa experiência corporal. Se a solidão (por que eu sou uma pessoa?) é a questão humana, comunhão é a resposta divina.

A experiência de "ser um corpo" não demonstra somente que eu estou "sozinho", mas também que eu necessito de um(a) "ajudante". Não é bom estar sozinho. Somos destinados para o amor, para a comunhão com um "outro(a)". E esta inclinação para o amor está inscrita bem nos nossos corpos. O corpo de um homem não faz sentido por si próprio. Nem o de uma mulher. Contemplando o "outro" na beleza da diferença sexual, nós percebemos que somos chamados a nos doarem como um presente, um para o outro. Descobrimos que o corpo possui um sentido nupcial.

O sentido nupcial do corpo é a sua "capacidade de expressar amor: precisamente aquele amor no qual a pessoa se torna um presente, uma dádiva e - por meio desta dádiva - cumpre completamente o sentido de seu ser e de sua existência. Se vivermos de acordo com a verdade da nossa sexualidade, nós cumprimos completamente o sentido de nosso ser e de nossa existência. Conte isso pros seus conhecidos e amigos e com certeza você ganhará a atenção deles. O amor que se doa é o sentido da nossa existência. E isto está estampado bem no sentido da nossa sexualidade.

Nada disso é abstrato. Mesmo se o pecado tiver nos afastado da beleza e da pureza do plano original de Deus, você e qualquer pessoa na sua agenda telefônica conhecem a "dor" da solidão e o desejo por comunhão. Qualquer pessoa conhece a "força magnética" do desejo erótico. Este desejo básico do ser humano por união, na verdade, é o elo mais concreto que qualquer coração humano pode ter com "aquele homem que viveu há dois mil anos atrás".